aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem – partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
Com esses versos, o poeta Al Berto inicia o seu poema SIDA (Horto do incêndio, 1997), tecendo dores, ausências e vazios, expressos na relação entre a doença, a escrita e a morte. A SIDA (AIDS), sigla que se refere a epidemia iniciada nos anos 80 do século XX, alastrou-se rapidamente pelo mundo, motivando, para além dos estudos médicos, reflexões filosóficas, sociológicas e também literárias a exemplo dos textos de Susan Sontag, entre outros. Desde a Antiguidade, a relação entre a doença, a arte e a literatura é uma constante. Camões já apontava a hidropsia como um mal que motivava o poeta a escrever. No século XIX, a melancolia e a tuberculose fundiram-se no sujeito romântico de tal forma que seria difícil encontrar escritores fora desses contornos. No final do século XIX, no entanto, as doenças foram atadas, na literatura e nas artes, às condições sociais e a partir do século XX e XXI, uma gama ainda maior de enfermidades vem ocupando as páginas da crítica literária.
Diante do impacto da nova pandemia, a Revista Desassossego convida professores e pesquisadores interessados em desenvolver artigos sobre as relações entre a literatura e/ou as artes e a doença como uma forma de reação, ou seja, a escrita como sentido de viver/morrer.
PRAZO PARA ENTREGA: Os artigos, resenhas, entrevistas, textos ficcionais e poéticos para este número serão recebidos impreterivelmente até 26 de abril de 2021. A publicação está prevista para agosto de 2021.
PLAZO DE ENTREGA: Los artículos, reseñas, entrevistas, textos ficticios y poéticos de este número se recibirán hasta el 26 de abril de 2021. La publicación está prevista para agosto de 2021.
Revista:
Responsable:
Mônica Muniz Souza Simas, Paola Poma, Carlos Gontijo Rosa, Rosely de Fátima Silva
Correo electrónico de contacto:
Fecha límite:
26-4-2021
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