Convocatorias

Tema do dossiê: “Além de 22: modernismos e suas dimensões nas artes e na historiografia"

Interessante acompanhar, pelas páginas do Correio Paulistano, a expectativa crescente que se construiu em torno da Semana de Arte Moderna. Desde o primeiro “reclame”, o jornal se colocou diante de algo inédito. De certa forma, alimentou o marco e procurou, por suas páginas, reforçar a ideia da inevitabilidade de um tempo e de um local: a Semana só poderia se realizar em São Paulo e tudo que quanto se pensasse e elaborasse, a partir de então, seria com as bases inaugurais do “1922 Paulista”. Menotti del Picchia, em sua “Chronica Social”, afirma que “será uma semana historica na vida literaria do paiz”. Aquelas três noites de fevereiro, no “theatro maximo da cidade”, representarão o ponto de inflexão: ao desenvolvimento fabril, ao progresso técnico, a terra bandeirante tomará a dianteira, igualmente, no campo das artes. E fará mais: colocará o Brasil em compasso global. “São Paulo, no mundo do pensamento, como em todos os ramos da actividade humana, é ainda o Estado que que dá a nota e dieta o figurino ao paiz” (Correio Paulistano, 7 fev. 1922). Nos anos que se seguiram, a questão nacional e o papel a ser desempenhado pelo intelectual nos destinos do país, emergem do bojo das discussões estéticas iniciadas no Theatro Municipal. É o momento no qual o grupo inicial se fragmenta em correntes opostas — Antropofagia e Verde-Amarelo — e, assim, não apenas os aspectos artísticos, mas toda a realidade brasileira passará a ser apreendida e considerada por suas análises. São Paulo, 1922, torna-se inescapável. 1922, de fato, revela-se emblemática nos imaginários. Tanto que, ao pensarmos o Modernismo brasileiro, automaticamente nossos referenciais convocam A Semana de Arte Moderna, realizada na capital paulista. Não são necessários complementos, adjetivos ou advérbios. Até o termo Modernismos, pensado em sua diversidade, refere-se às linhas que se dividiram a partir do Manifesto da Poesia Pau Brasil. A sombra é tamanha que seus antecedentes não funcionam por si mesmos, mas sempre articulados como prenúncio do que se seguiria. Durante um bom tempo, a crítica literária e a historiografia validaram — ainda que indiretamente — as palavras de António de Alcântara Machado, em artigo para o Jornal do Comércio SP, (1926): “o crítico de amanhã abrirá a bôca de assombro diante dêste fenômeno sem igual: uma literatura sempre na rabeira que de um momento para outro, sem preparação, sem exercício prévio, inesperadamente, cava o seu lugarzinho na primeira fila”. Entretanto, ainda que a Semana de Arte Moderna seja de extrema importância e seus desdobramentos se configurem, efetivamente, como elemento constituinte de diversos aspectos socioculturais de nossa realidade, vale considerarmos que marcos são construções sociais, frutos de relações de poder que atravessam tempos e espaços, em imposições e negociações. Nesse sentido, revisitações são necessárias. Por elas, podemos entender as ricas dinâmicas do Movimento Modernista, para além do palco do Municipal, com a participação de um número maior de vozes, tempos e lugares. Elementos díspares, que convergem e dialogam com 22, mas também refutam e guardam singularidades. Dito isto, a proposta do Dossiê é a de reunir pesquisas que tratem sobre Modernismos, em plurais amplos, em cronologias alargadas e espacialidades que abarquem litoral e sertão, Brasil e América Latina. Serão bem-vindos, igualmente, artigos que tratem de forma específica a Semana de Arte Moderna de 1922, compreendendo-a em suas contribuições e contradições. O prazo de envio é 15 de abril de 2022 e a previsão de publicação é junho de 2022. A organização deste dossiê é de: Prof. Me. Bruno Miranda Braga (PUC-SP); Prof. Me. Leonardo da Silva Claudiano (PUC-SP); e Profª. Ma. Vilma Cristina Soutelo Assunção Noseda (PUC-SP).
Revista: 
Responsable: 
Francisco Isaac e Leonardo Claudiano
Correo electrónico de contacto: 
Fecha límite: 
15-4-2022

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